quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Brasil x China - Uma guerra não-declarada


Sempre dissemos que o Brasil é um país pacífico sem nenhum inimigo internacional. Para aqueles que ainda não perceberam (ou não quiseram perceber) os últimos dias foram uma prova de que algo mais grave está ocorrendo. E que o nosso inimigo é nada mais nada menos que a China! Esta disputa é digna de um evento de MMA cheia de golpes e contra-golpes.  Se ainda não entendeu, veja um relato dos últimos acontecimentos neste post e uma visão pessoal dos ocorridos.

Começamos pelo contra-ataque ou ataque (dependendo do referencial)...

O Brasil é notadamente um grande exportador de minério de ferro e a China é “apenas” o maior comprador mundial desta commodity. De fato, em 2011 a China foi responsável por comprar mais da metade do minério de ferro produzido em todo o mundo. Já é de longa data que as siderúrgicas chinesas buscam um confronto com as mineradoras mundiais (basicamente: BHP Biliton, Rio Tinto e..... a nossa Vale).

Pelo tamanho do mercado chinês, nada adiantou as ameaças. Pelo contrário as mineradoras continuaram a vender cada vez mais e a “dependência” delas em relação ao mercado chinês só aumentou. A Vale mandou construir alguns (dezenas) de supercargueiros para transportar uma quantidade gigantesca de minério de ferro (pasmem: entre 380 e 400 mil toneladas da commodity). Foram apelidados de: “Valemax”.

Um dos navios da Valemax

Em um ataque (ou contra-ataque) claro, a China decidiu agora por proibir a entrada desses supercargueiros em portos chineses. Aproveitando-se do recente episódio com o Vale Beijing (nome propício, né?) que sofreu rachaduras, os “armadores” chineses alegam falta de segurança para atracar os Valemax em águas chinesas. E com isso... potencial prejuízo gigantesco para a Vale. De fato, o volume é tão grande que chega a impactar o país (que tem a sua base exportadora em commodities) e não apenas uma empresa.

O outro lado da moeda...

Mas então, somos os pobres coitados da história? Muito pelo contrário. O Brasil hoje é o principal mercado para a indústria automobilística. Ao todo, as indústrias automobilísticas remeteram para suas sedes mais de US$ 5 bilhões, corroborando com a tese de que aqui é o lugar para se estar.

Neste cenário, desde o ano passado o governo estuda medidas protecionistas. A mais clara delas foi alterar o imposto de importação para veículos que fossem originados de montadoras que não tivesse um “conteúdo nacional”. Justo! Espera-se então que todas as montadoras “importadoras” sofram com o imposto, correto?

O aperfeiçoamento desta medida é uma listagem de montadoras que estariam liberadas deste imposto com base em critérios definidos pelo governo. Primeiro, as mais óbvias pois terem plantas no Brasil: Fiat, Volkswagen, General Motors e Ford. Mas também outras como: Honda, a Nissan, a Peugeot Citroën, a Toyota e a Renault. Além da Hyundai e Mistubishi.  

E você deve estar se perguntando: mas se todas essas foram “contempladas” qual ficaram de fora? A resposta é clara: as CHINESAS Chery e Jac. Essas estão “negociando” diretamente com o governo.

Resumindo...

Sinceramente, eu não sei mais o que é fato gerador do conflito e o que é consequência. Não sei distinguir mais o que é golpe ou o que é contra-golpe. Certo é que a briga está aquecida. Alguns dizem até que a moeda brasileira se mantém apreciada (prejudicando exportações) por uma interferência indireta do governo chinês através de alguns fundos de investimentos que “atacam” a moeda brasileira a todo custo. Evidências de que o governo brasileiro não consegue depreciar a moeda para aumentar a competitividade externa são óbvias (vejam impostos e mais impostos contra capitais entrando no Brasil – IOF, por exemplo). Fato é que a guerra já começou e sem perceber estamos no meio do conflito.

Acompanhar esta briga é muito mais interessante que qualquer luta do Anderson Silva com um diferencial importante: se houver um chute certeiro nesta briga, você sentirá o golpe!

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