Sempre dissemos que o Brasil é um país pacífico sem nenhum
inimigo internacional. Para aqueles que ainda não perceberam (ou não quiseram
perceber) os últimos dias foram uma prova de que algo mais grave está
ocorrendo. E que o nosso inimigo é nada mais nada menos que a China! Esta
disputa é digna de um evento de MMA cheia de golpes e contra-golpes. Se ainda não entendeu, veja um relato dos
últimos acontecimentos neste post e uma visão pessoal dos ocorridos.
O Brasil é notadamente um grande exportador de minério de
ferro e a China é “apenas” o maior comprador mundial desta commodity. De fato,
em 2011 a China foi responsável por comprar mais da metade do minério de ferro
produzido em todo o mundo. Já é de longa data que as siderúrgicas chinesas
buscam um confronto com as mineradoras mundiais (basicamente: BHP Biliton, Rio
Tinto e..... a nossa Vale).
Pelo tamanho do mercado chinês, nada adiantou as ameaças.
Pelo contrário as mineradoras continuaram a vender cada vez mais e a “dependência”
delas em relação ao mercado chinês só aumentou. A Vale mandou construir alguns
(dezenas) de supercargueiros para transportar uma quantidade gigantesca de
minério de ferro (pasmem: entre 380 e 400 mil toneladas da commodity). Foram
apelidados de: “Valemax”.
Um dos navios da Valemax |
Em um ataque (ou contra-ataque) claro, a China decidiu agora
por proibir a entrada desses supercargueiros em portos chineses.
Aproveitando-se do recente episódio com o Vale Beijing (nome propício, né?) que
sofreu rachaduras, os “armadores” chineses alegam falta de segurança para
atracar os Valemax em águas chinesas. E com isso... potencial prejuízo gigantesco para a
Vale. De fato, o volume é tão grande que chega a impactar o país (que tem a sua
base exportadora em commodities) e não apenas uma empresa.
O outro lado da
moeda...
Mas então, somos os pobres coitados da história? Muito pelo
contrário. O Brasil hoje é o principal mercado para a indústria
automobilística. Ao todo, as indústrias automobilísticas remeteram para suas
sedes mais de US$ 5 bilhões, corroborando com a tese de que aqui é o lugar para
se estar.
Neste cenário, desde o ano passado o governo estuda medidas
protecionistas. A mais clara delas foi alterar o imposto de importação para
veículos que fossem originados de montadoras que não tivesse um “conteúdo
nacional”. Justo! Espera-se então que todas as montadoras “importadoras” sofram
com o imposto, correto?
O aperfeiçoamento desta medida é uma listagem de montadoras
que estariam liberadas deste imposto com base em critérios definidos pelo
governo. Primeiro, as mais óbvias pois terem plantas no Brasil: Fiat,
Volkswagen, General Motors e Ford. Mas também outras como: Honda, a Nissan, a
Peugeot Citroën, a Toyota e a Renault. Além da Hyundai e Mistubishi.
E você deve estar se perguntando: mas se todas essas foram “contempladas”
qual ficaram de fora? A resposta é clara: as CHINESAS Chery e Jac. Essas estão “negociando”
diretamente com o governo.
Resumindo...
Sinceramente, eu não sei mais o que é fato gerador do
conflito e o que é consequência. Não sei distinguir mais o que é golpe ou o que
é contra-golpe. Certo é que a briga está aquecida. Alguns dizem até que a moeda
brasileira se mantém apreciada (prejudicando exportações) por uma interferência
indireta do governo chinês através de alguns fundos de investimentos que “atacam”
a moeda brasileira a todo custo. Evidências de que o governo brasileiro não
consegue depreciar a moeda para aumentar a competitividade externa são óbvias
(vejam impostos e mais impostos contra capitais entrando no Brasil – IOF, por
exemplo). Fato é que a guerra já começou e sem perceber estamos no meio do conflito.
Acompanhar esta briga é muito mais interessante que
qualquer luta do Anderson Silva com um diferencial importante: se houver um chute certeiro nesta briga, você sentirá o golpe!
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