quinta-feira, 21 de junho de 2012

Sou Contra a Democracia!


A democracia é o sistema político mais próximo do ideal, mas isso não significa que ele seja O IDEAL. Comparando historicamente com outros sistemas há ganhos claros, principalmente, em relação aos ganhos de liberdades individuais. Porém, a prática democrática pode ser ofuscada pelo mal uso dos recursos públicos e pelo loteamento de cargos para aliados políticos. Sou a favor de muitas coisas que a democracia trouxe para a sociedade, mas hoje posso dizer que sou CONTRA a democracia!
Imagine a seguinte situação: você está a bordo de um A380 (avião da Airbus recém lançado com capacidade para transportar até 850 passageiros). O monstro que voa já está posicionado na cabeceira da pista com todos os passageiros a bordo (inclusive você), porém, com um detalhe: não há tripulação. Sim, não há piloto nem co-piloto. Decide-se, portanto, escolher que comandará a aeronave. Para isso, foram dadas algumas alternativas:

A380

ALTERNATIVA 1:
Quem estiver com vontade de pilotar, poderá levantar da sua poltrona e fazer um discurso de 5 minutos sobre o por que ele deveria ser escolhido. Ele poderá dizer o que quiser nesse tempo e poderá contar com assessores especialistas em marketing para te convencer de que ele é O CARA para pilotar o negócio. A partir daí, todos do avião (inclusive aqueles que não tem nem idéia do por que um avião voa) votarão. Quem tiver o maior número de votos ganha! 

ALTERNATIVA 2:
Um corpo técnico de engenheiros da Airbus virá até o avião e entrevistará àqueles que se disseram competentes. Esse comitê de engenheiros validará quem é mais capaz de pilotar o avião com base não só no que esses candidatos disseram, mas também, com base no que eles demonstraram saber durante a prova prática que foi realizada na cabine do avião simulando-se alguns eventos como turbulência, pouso, decolagem, etc. Neste caso, você que é leigo e é passageiro não poderá escolher e, de fato, nem saberá quem é o comandante. 

PERGUNTA: Qual alternativa você escolheria se tivesse a bordo? Se foi a segunda, por que então que para governar um país você escolhe a primeira?

Com esta metáfora acredito que consigo explicar através de extremos, o que eu penso ser hoje a democracia. Um grupo de potenciais bem intencionados sendo escolhidos por um público que não entende de administração pública, de política, de economia, de nada! Aliás, em muitos casos quem elege nem se interessa pelo assunto. Portanto, caro leitor, você está literalmente montado em um A380 e está escolhendo quem o pilotará! Isso é bom?

6 comentários:

  1. MN, tambem pensava assim, mas nao podemos nos esquecer que a escolha de um governante tambem eh uma escolha POLITICA. Existem grupos de interesse, corporacoes, classes sociais, todo mundo querendo um pedacinho de suas reivindicacoes. Se nao houvesse corporativismo, nao veriamos casos de juizes corruptos protegidos pelo poder judiciario (a maior punicao para um juiz, em toda a Historia Brasileira, eh ser "aposentado"). Nominar "tecnicos" da Airbus eh conceder poder a esses tecnicos. O que garante a isencao deles? Cada grupo vai tentar influenciar esses "tecnicos" de acordo com seus interesses de grupo e, ateh pelos seus proprios interesses pessoais. Nao se iluda, o mundo nao eh tao matematico e tecnico quanto nos gostariamos que fosse, existe tambem a disputa pelo poder.

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    1. Obrigado pelo seu comentário. O principal objetivo do artigo é questionar e levantar uma questão. Infelizmente, eu não tenho a fórmula ideal de sistema político o que não me impede de tentar buscá-lo junto com pessoas como você que se pensam e agem criticamente em relação ao mundo. Um modelo mais tecnocrata não significa que seja imune a corrupção (temos que pensar outras maneiras de minimizá-la) mas poderá ser, no mínimo, mais eficiente. Ou não! :)

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  2. Interessante o exercício, mas enxergo alguns problemas: a) não é sempre que um corpo técnico de engenheiros está a bordo de um avião em queda, b) como é decidido os participantes do corpo técnico, c) se o corpo técnico possui duas opiniões distintas (mesmo que bem intencionadas) como fica a decisão. Na minha opinião a saída é diminuir o tamanho do avião, você diminui os candidatos, aproxima o diálogo, aproveita sinergias com habilidades de cada um, suaviza o efeito manada. Em um paralelo com a vida real, acho que países deveriam ser menores com a decisão mais próxima da população.

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    1. Olá Giuliano,
      Primeiramente, obrigado pelo seu comentário.
      As questões levantadas são perfeitas. Em um próximo post procurarei abordar alguns pontos levantados por você e aí podemos continuar a discussão! :)
      Abraços,
      Marcelo

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  3. Achei o exercício bem interessante, e como de costume em pesquisas aleatórias de satisfação: concordo em parte. rs
    Mas acho que é bem válido para reflexão!
    A verdade é essa, mesma que cruel (pesada), que grande parte, e diria que mais que a maioria (pq bastaria 50,1%) não possui e nem se interessa em buscar conhecimento específico para avaliar os nossos candidatos a "gestores do poder". Somos tolidos desde a infância e nada se faz para mudar essa realidade. Já se tornou um jargão, mas se nada for feito para transformar a educação brasileira, então nunca chegaremos nem perto de alcançar algo aceitável (economicamente: risco aceitável/intrínseco) para substituir essa democracia demasiada ou fora de limites.

    Abç' e parabéns pelo blog!

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    1. Olá Kate,
      Obrigado pelo comentário. Concordar em parte é sempre bom! :) Já em relação ao seu comentário acho que concordo 100%... Se houvesse um foco em educação e uma sociedade plenamente consciente, provavelmente, não precisaríamos discutir este tema.
      Continue participando. Em breve, farei novos posts sobre o assunto.
      Abraços.

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