quinta-feira, 27 de outubro de 2011

3 indicadores para saber se a ação está barata ou cara

A queda nos mercados financeiros nos leva a acreditar que algumas empresas estão sendo negociadas por um preço muito barato. Porém, o que significa “estar barato”? Alguns indicadores financeiros nos ajudam a tornar objetivo o conceito de “barato” em relação ao valor dos seus ativos, porém, há algumas diferenças sutis e importantes entre eles.
 Entenda os mais utilizados pelo mercado e veja como identificar as famosas low-hanging fruits (termo utilizado para caracterizar boas oportunidades de negócio):
1. Price-To-Book ratio (P/B Ratio)
Também conhecido como “price-to-equity” é o mais conhecido deles pela sua facilidade de cáculo. Este indicador é calculado através do último valor de mercado da companhia (valor das ações multiplicado pelo número de ações totais) em relação ao total de ativos líquido de todos os seus passivos e ativos intangíveis.
A grande particularidade deste indicador é que o Total dos Ativos é calculado com base no seu valor histórico de aquisição e não o valor de mercado dos mesmos. Imagine que você compre um carro por R$ 50.000. Alguns anos depois você decide vendê-lo. Qual será o preço que você conseguirá com a venda? Valor histórico seria dizer que você venderá seu carro pelo mesmo valor de aquisição abatendo-se a depreciação contábil do mesmo. Na verdade, o valor de mercado do ativo é menor do que o seu valor histórico pois, provavelmente, existem ativos substitutos mais modernos que os compradores valorizam mais, exceto em casos de ativos raros que possam até ganhar valor de mercado ao longo dos anos
2. Liquidation Value
O valor de liquidação (“liquidation value”) é o valor remanescente após todos os ativos da companhia serem vendidos e todos os passivos pagos.
 A grande diferença para o P/B Ratio é o fato de os valores do ativo serem calculados a valor de mercado e não pelo seu valor histórico de aquisição. Essa mudança significa uma precisão maior do cálculo de valor residual da companhia, capturando eventuais perdas de valor que os ativos possam sofrer ao longo do tempo. Se o valor da empresa ficar abaixo do Liquidation Value um investidor mais agressivo pode comprar o controle da companhia e vender seus ativos no mercado obtendo um lucro na transação simplesmente por ter comprado “com desconto” todos os ativos da companhia, portanto, este deveria ser um valor mínimo da companhia – assumindo racionalidade no mercado.
3. Q Ratio – Q de Tobin
Uma terceira teoria foi apresentada por James Tobin que introduziu o conceito de custo de reposição dos ativos. Neste caso, o indicador compara o valor da companhia com o valor necessário para repor os mesmos ativos que a companhia possui. Na prática este valor significa para o investidor qual o prêmio que ele está pagando por comprar as ações do mercado ao invés de comprar os mesmos ativos (e não vendê-los como no liquidation value). Por outro lado, se o indicador for menor do que 1, comprar a empresa significa obter um “ganho” em relação a comprar os mesmos ativos no mercado.
Resumindo, a diferença dos três indicadores é a maneira de como o valor do ativo é calculado:
Indicador
Estimativa do Valor do Ativo
P/B Ratio
Custo Histórico de Aquisição
Liquidation Value
Valor de Mercado (valor de venda)
Q Ratio
Custo de Reposição (valor de compra)

 Pela disponibilidade de dados para o cálculo dos diferentes indicadores, o P/B Ratio é o mais utilizado (afinal de contas é só olhar para o balanço para termos o custo histórico dos ativos), porém, os indicadores que melhor refletem se a companhia está de fato depreciada em relação aos seus ativos são os dois últimos, sendo que o Liquidation Value pode ser interpretado como um valor mínimo da companhia e o Q Ratio como um indicador de ágio (ou deságio) sobre os seus ativos.

Ao analisar uma ação acreditando que ela está barata, procure saber esses indicadores e os compare com outras empresas similares no mercado. Lembre-se que nenhum indicador isolado lhe dará informação suficiente para fazer uma compra segura de ações. Procure sempre saber sobre o setor da companhia, sua governança corporativa e outros indicadores fundamentalistas para fazer bons negócios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário