3 Modelos de captação de recursos para o seu negócio

O mercado de capitais brasileiro está cada vez mais evoluído e isso se traduz em maior liquidez, ou seja, maior disponibilidade de dinheiro para as empresas. Você que é empreendedor, empresário, produtor, pode se aproveitar disso, porém, antes de sair pedindo dinheiro no mercado é importante saber como você quer levantar recursos e por que a estrutura escolhida é a melhor para o seu negócio. Conheça abaixo os três modelos mais comuns para captação de recursos no mercado para empresas de todos os portes:

1. Via Dívida

A maneira mais utilizada para captar dinheiro no mercado é via dívida. Neste modelo, você busca em um banco ou em algum fundo de investimento um montante de dinheiro e em troca devolverá o valor obtido acrescido de uma taxa de juros negociada entre as partes. Os instrumentos mais comuns para emissão de dívida são as notas promissórias e as CCBs (Cédulas de Crédito Bancário) para sociedades limitadas (Ltda) e as Debêntures para sociedades anônimas (S/A).

Vantagens	Desvantagens
Manutenção do controle: você mantém o negócio nas suas mãos (não há venda de participação)	Custo: No Brasil esta ainda é uma opção cara. As taxas de juros são extremamente altas e os empréstimos subsidiados (BNDES) são escassos e de difícil acesso
Rapidez no processo: é mais rápido tomar uma dívida no mercado do que vender uma participação da sua empresa	Garantias: Necessidade de apresentação de garantias para se obter melhores condições de taxa de juros
Facilidade: Inúmeras instituições oferecem linhas de dívidas para empresas, incluindo os bancos de varejo que, provavelmente, a sua empresa já trabalha. Cuidado pois, normalmente, eles oferecem as taxas mais altas (justamente pela facilidade)	Termos do emprésitmo: A maior parte das ofertas de crédito no Brasil são de curto prazo estrangulando o fluxo de caixa das companhias

Onde buscar: bancos de varejo, bancos de investimento e gestoras de fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs).

2. Via Equity (Participação acionária)

Outra maneira bastante comum de se levantar dinheiro no mercado é via venda de participação acionária (em inglês – venda de equity), ou seja, convidando um novo sócio a entrar no negócio. A vantagem de captar recursos via equity é o fato de o seu investidor participar do risco de negócio juntamente com você ao invés de simplesmente cobrar uma taxa de juros e solicitar uma garantia (como no caso da captação via dívida).

Mas não se engane achando que esta é a maneira mais barata de se obter recursos pois não é. Normalmente é a mais cara, já que você estará “entregando” uma parte da companhia para um terceiro.  

Vantagens	Desvantagens
Alinhamento de risco: o seu “credor” está completamente alinhado no risco do negócio com você participando dos mesmos riscos ao invés de simplesmente cobrar uma taxa de juros	Sócio: já diz o ditado: “quem tem sócio, tem chefe”. Você terá um novo sócio que pode não ter o mesmo alinhamento estratégico de longo prazo que o seu e ainda por cima terá um poder financeiro maior que o seu
Garantias: Não é necessário apresentar nenhuma garantia fora do seu próprio negócio para levantar os recursos	Complexidade da operação: Uma operação de venda de equity é muito mais complexa que uma simples dívida. Possivelmente, serão meses e meses de due diligence na sua empresa e este processo será demorado e custoso para você. Em muitos casos uma equipe inteira da empresa é alocada apenas para recepcionar os analistas da parte compradora, atrapalhando o curso normal da companhia
Posicionamento no mercado: Empresas que tem sócios capitalistas costumam ser melhor recebidas no mercado de capitais, seja levantando recursos via dívida, seja negociando com fornecedores e clientes	Burocracia gerencial: Provavelmente, você será obrigado a assinar um acordo de acionistas (ou quotistas) exigindo uma série de procedimentos e “burocracias” para regular a relação entre os sócios
	Valuation: Se há compra e venda de participação da empresa, será preciso atribuir um valor para o seu negócio (valuation). É comum que este processo gere longas discussões entre as partes até chegarem a um consenso de valor para o negócio

Onde buscar: bancos de investimento, fundos de private equity, hedge funds, angels e parceiros estratégicos (como empresas do mesmo setor que atuam em outros países ou mercados).

3. Via Mezzanino (Equity + Dívida)

Operação mezzanino é aquela que combina ambos os modelos: dívida e equity. Nela, o investidor fornece parte dos recursos através de um endividamento (e por esta parte cobra uma taxa de juros) e, paralelamente, compra uma parte das ações ou fica com uma opção de compra futura das ações da empresa. Do lado do credor, esta estrutura é atrativa pois ele captura um eventual ganho no valor da empresa (equity) viabilizado, entre outros fatores, pelo seu aporte de dinheiro via dívida. Ou seja, ele financiou o crescimento da empresa e ficou com um pedaço dele.

Este modelo é muito utilizado em start-up companies (empresas em estágio embrionário), onde o investidor assume um risco grande ao emprestar dinheiro para uma empresa que não tem histórico. Em troca, ele cobra uma participação no negócio, caso seja bem sucedido.

Vantagens	Desvantagens
Custo da operação: Normalmente, o custo é menor do que uma operação de dívida e ainda é possível que parte do componente de dívida seja convertido em equity na companhia melhorando o fluxo de caixa da companhia	Oferta restrita: Você pode ter dificuldades em achar operações deste tipo - são poucas as instituições que oferecem produtos do tipo mezzanino e os que oferecem acabam concentrando em alguns setores da economia, como o setor de infraestrutura
Todas as outras vantagens colocadas no item anterior (equity): Alinhamento de risco, garantias e posicionamento no mercado	Complexidade: Esta operação combina as dificuldades das duas operações (dívida e equity)
	Todas as desvantagens apresentadas no item anterior (equity)

Onde buscar: mezzanine funds, bancos de investimento, angels, hedge funds.